Podcast Texto Sentido: um espaço para interpretação dos mais variados textos, poemas e poesias.
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Hoje, no episódio de número 4, um texto de Raphael Kepler chamado “As Letras me Dominam”.
Vamos ouvir? Vamos… sentir?
As Letras me Dominam
Eu escrevo pela solidão de ontem.
Eu sonho com as cores, verde musgo e café quente. Eu não escrevo para ser. Eu escrevo para o vazio. Para os nomes que nunca falarei.
Quando a chuva me assombra e o frio me liberta. Quando os homens andam em linha. Quando as freiras despertam úmidas de madrugada. No fim de um filme amargo. No sabor de uma indecisão. Na padaria ou no ponto. É onde eu escrevo.
E minhas linhas são corretas e tortas. Meus receios cobrem letras e minha alma vaga em folhas amareladas. Diários de outrora. Vontades escondidas.
Eu sei dos sonhos que o vento levou, e das horas perdidas numa rua do centro. Eu sei que nunca serei meu alvo, mas de flecha me orgulho. Sou inconstante, inquieto e medroso. Sou piloto de fuga na frente do volante.
Sou fim de noite num boteco e dia novo em cachoeira.
E por isso eu escrevo. Pois não sou o que vejo.
E as letras me dominam.
Belas e ligeiras palavras que me despertam.
Pé na mesa sem culpa.
Eu não sei da solidão da moça. Não escrevo por deleite, muito menos por vontade. A tinta é sangue em minha veia, esses clichês da modernidade.
Tirar a roupa do varal.
Levar o lixo pra fora.
Ter que dormir cedo.
Acordar meio-dia.
Eu escrevo pelo fim, por outro eu que encontrarei.
Sonho, tesão, gozo na barriga.
É tudo cinza aqui fora, e desafinado é o coração.
Só escrevo o que não sei, pois detesto ter razão. O vazio é minha musa, e com ele sou completo. No tédio de quarta-feira eu me jogo nos papéis.
Tarde é feita de memórias. Aquarela de poeta.
Por isso as palavras me transbordam e se perdem na lixeira.
Aqui dentro tem brinquedos. Olhos de vidro e pelo liso.
Aqui dentro tem mentiras, frases feitas e absorventes usados.
Vem aqui no fim do dia. Vem aqui me alegrar.
Aqui dentro tem promessas de um tempo sem paixão.
Aqui dentro eu me perdi, aqui dentro não há nada.
É por isso que escrevo.
Pois não sei me explicar.
Texto de Raphael Kepler
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