No episódio #021 do nosso podcast mais um texto baseado em um desenho de Rodrigo de Castro Scott.
Imagine-se deitado ao relento olhando para um céu estrelado e embarque nesta viagem até as “Constelações”…
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Constelações
Incomensurável é este universo visível aos olhos e compreendido pela razão.
Mas como classificar aqueles universos que não são captados pelos órgãos sensoriais e apenas impelidos ao conhecimento abstrato?
Hoje o céu está nublado e não posso ver as estrelas!
Para que o abstrato se faça presente, é preciso enganar a razão, essa severa tutora com a palmatória da lógica nas mãos. O abstrato é ilógico para as cabeças humanas.
A brisa leve do começo da madrugada acalma meu corpo e me inebria.
Penso que aquilo que não se vê é grande, muito grande, sete vezes maior. Os sons que não ouvimos. Os aromas que não sentimos. O universo invisível é poderoso.
A pedra fria do chão é filosofia e me faz sentir a eterna efemeridade das coisas.
Gosto do silêncio dessa hora porque não verbalizo pensamento.
Vejo o clarão da lua por trás das nuvens e crio meu próprio mundo invisível.
E ele é como as estrelas que estão encobertas, continua brilhando sem que eu o perceba e ilumina cada átomo do meu corpo.
São constelações paridas na mente.
Senti um pingo de chuva, acho melhor entrar.
Quando eu estiver lá dentro, tudo que eu contemplei aqui fora já estará distante, perdido em algum ponto dessa caminhada elíptica da terra pelo universo visível.
Já o invisível levarei comigo para o interior de minha casa.
O sol a tudo irá clarear, mas apagará as estrelas.
Rodrigo de Castro Scott